Amigos cafeicultores, estamos estreando uma
nova forma de difusão, tecnologia e conhecimento. Através de uma aula
interativa, estamos criando um link direto com os nossos seguidores. É o que
estamos chamando de Papo Direto. O Papo Direto é uma oportunidade de tirar
dúvidas e sugerir novos temas em nosso programa.
Desta vez, vamos atender o estudante da UFLA - Universidade
Federal de Lavras -, Ricardo Lutfala, que participa do NECAF que é o núcleo de
estudo de café daquela importante universidade. Aproveito para mandar um abraço
ao Professor José Donizete, em nome de quem comprimento todos os amigos que
tenho em Lavras.
Ricardo, tentarei explicar de forma simples e direta o problema
das altas temperaturas durante a florada de outono que foi a principal florada
da maioria das lavouras.
Levei as fotos e as observações para os pesquisadores da Embrapa
que tem larga experiência nesse assunto, pois ao estudar o estresse hídrico do
cafeeiro ele já se depararam com esse problema.
Na área experimental instalada em Planaltina no Distrito Federal
eram 5 situações estudas. Uma área que nunca recebia estresse. Uma que tinha um
estresse moderado, uma que o estresse foi considerado adequado, uma outra área
que só recebia irrigação depois do início das chuvas, e área de testemunho que
nunca era irrigada.
Em anos que a chuva atrasava e que apresentava altas temperaturas,
esse problema era comum de ser verificado. Levando a baixa produtividade
Essa é a equipe da Embrapa coordenado pelo Doutro Antônio Guerra
que muito contribui para esse trabalho.
Equipe Técnica
Antônio Fernando Guerra - Irrigação
Omar Cruz Rocha - Irrigação
Gustavo Costa Rodrigues - Fisiologia Vegetal
Cláudio Sanzonowicz - Fertilidade do solo
João Batista Ramos Sampaio - Fitotecnia
Inclusive, ele fez essa
seguinte explicação: "Embora a literatura esteja repleta de afirmações
quanto aos limites de temperatura média adequada ao cultivo de cafeeiros, o que
realmente afeta os chumbinhos são temperaturas máximas diárias elevadas
superiores a 33ºC no momento da floração, isso normalmente ocorre porque essas
temperaturas prejudicam o desenvolvimento do tubo polínico impedindo que o grão
de pólen atinja o óvulo. Quando isso ocorre, é comum observar a requeima das
flores e o baixo pegamento da floração."
Vamos entender melhor o
cafeeiro, a florada acontece no meio do ciclo fenológico do cafeeiro. Marca o
final do período de desenvolvimento vegetativo e o inicio do periodo
reprodutivo.
O primeiro ano fenológico
ocorre: vegetação, formação de gemas em seguida indução, crescimento e repouso
das gemas florais. Já o segundo ano fenológico: florada, chumbinho expansão,
para posterior granação e maturação dos frutos.
A principal florada aconteceu
entre os dias 9 a 12 de outubro aqui no Sul de Minas e em parte de São Paulo e
foi caracterizada por temperaturas muito elevadas de 4 a 5 graus acima da média
para o periodo.
Florada intensa, muito uniforme
em virtude do estresse hídrico do ano anterior. Flores abriram ao longo da
planta da parte superior e inferior. Dos dois lados e ao longo do galho. Até
lavouras menos vigorosas mostraram uma florada bastante intensa.
A queima pode ser notada
logo nos primeiros dias, botões e flores mostraram coloração mais clara do que
o normal. Também foi constatado queima de folhas próximo da área de frutificação.
Esses chumbinhos, desprendiam facilmente, como se tivessem desliado da planta.
Esse é o tubo polínico, por
onde passa o grão de polém para fecundar o óvulo. Acreditamos que o dano
causado ao tubo polínico pela temperatura elevada é que foi responsável pela
penalização dos chumbinhos.
A maioria das lavouras
visitadas depois da florada apresentava algum nível de dano com este problema.
Os ponteiros assim como os ramos expostos das plantas foram os mais
prejudicados. Quanto a redução do potencial de produção é importante destacar
que esses dados são irreversíveis.
O nível de dano variou
principalmente em função:
- Temperatura: Quanto
maior a temperatura maior o nível de dano.
- Vigor de enfolhamento: Quanto
mais enfolhada menor nível de dano. Plantas menos vigorosas que já apresentam
menor potencial limitaram ainda mais a produção.
- Face de exposição ao sol:
Maior ocorrência voltada sol da tarde.
- Variedade: Houve variação no
nível de dano em função da variedade, algumas demonstram menor nível de dano.
E atenção, vamos a nossa
conclusão;
Quantificar o nível de perda
nesse momento seria precipitado, pois o baixo nível de umidade do solo também
afeta o pegamento dos chumbinhos, somente após a fase de expansão dos frutos
(+100 dias de florada) poderemos ter uma maior noção do que as plantas
conseguiram preservar da produção, aí sim quantificar evitando surpresas
desagradáveis na colheita.
A proposta deste canal é
continuar acompanhando o desenvolvimento da safra e compartilhando o
conhecimento com estudantes e cafeicultores.
Recomendação;
Para lavouras irrigadas o uso
da técnica do estresse hídrico garante o florescimento no início de setembro
onde as temperaturas estão mais baixas, livrando assim o cafeeiro deste tipo de
perda.