Amigos
cafeicultores, hoje vamos mostrar a infraestrutura de secagem das Fazendas
Reunidas do Grupo ACP e filhos em Carmo do Rio Claro. Ela é bem diferente,
pois, mesmo em se tratando de uma grande produção, cerca de 10 mil sacos de
café, não utiliza terreiro. Uma das dificuldades desses cafeicultores foi
completamente assegurado, na agilidade, na segurança e no processo e economia
do pós colheita.
Vamos conhecer melhor essa inovadora estrutura de secagem de café.
São 16 secadores alinhadas em formato da letra U. O café chega da roça e o
caminhão direto por cima, direto da caixa. Após a descarga, a turbina é
acionada e só será desligada ao fim do processo de secagem.
Como os grãos não se movimenta durante a secagem é o ar que
atravessa a massa de café que garante a desidratação dos grãos e impede a
fermentação. A caldeira alimenta os radiadores e o ar quente é colocado na
massa para acelerar o processo de secagem e esse ar quente é até 40ºC na massa.
Todo o processo de secagem leva de 4 a 5 dias de acordo com a
maturação do café. Ao final da secagem, por meio de um pistão, a caixa é
inclinada e o café cai em uma esteira e é lavado até o elevador. Depois vai
para o caminhão e segue para outra fazenda que tem as tulhas e as máquinas de
benefício.
O dia de campo, reuniu agricultores, técnicos entre outras pessoas
ligada a cafeicultura. Durante o evento, tive a oportunidade de compartilhar
conhecimento através de uma palestra sobre tecnologia e competividade. Além de
falar sobre esse tipo de secagem.
- Carlos Henrique Palini, Diretor Comercial Palini & Alves:
Como sempre, o objetivo do dia de campo da Palini & Alves é trazer projetos
inovadores da cafeicultura. Aqui nós estamos apresentando os nossos secadores
estáticos. A secagem estática, em nosso ponto de vista, ainda é um conceito
novo na cafeicultura. Estamos aqui para comprovar o funcionamento dos nossos
secadores estáticos, a eficiência e o resultado dos cafés secos nesse secador.
Depois de apresentar essa infraestrutura aos participantes, os proprietários
validaram a eficiência desse método de secagem. Eles apresentaram amostras de
cafés que foram feitas sem uso de terreiro.
Estou aqui com o Léo e com o Guto e nós vamos falar um pouquinho
desse investimento.
- Guy Carvalho: Léo, realmente vocês acreditaram nessa tecnologia
de secagem e fizeram um excelente investimento.
- Léo Pereira: Sim, nós acreditamos e vimos, quando nós
conhecemos, que era uma oportunidade de resolver um problema nosso que era
terreiro de café. O objetivo principal foi esse, onde nós precisamos substituir
os terreiros e a colheita já estava resolvido com a mecanização. Mas, o
terreiro era um problema. A expectativa está sendo muito boa, porque o processo
fez a substituição de 100% do uso de terreiro.
- Guy Carvalho: Quer dizer, você não colocou o café no terreiro
esse ano?
- Léo Pereira: Não, hoje não há nenhum café no terreiro.
- Guy Carvalho: Passou tudo por aqui?
- Léo Pereira: 100% por aqui.
- Guy Carvalho: Guto muito bom. Acho que vocês fizeram um
investimento acreditando em uma nova tecnologia. Vocês estão satisfeitos com
essa tecnologia? Na sua opinião, ela é aplicada para outros produtores?
- Guto: Sim, ela é reaplicada. Nós montamos uma estrutura para
258.000 litros de cafés para secagem simultânea e é modular. A cada 32.000
litros é um módulo, ou seja, cabe para qualquer produtor.
- Guy Carvalho: Quer dizer, ele pode fazer um ou mais módulos de
acordo com a necessidade?
- Guto: Exato.
- Guy Carvalho: Funciona muito bem?
- Guto: Muito bem.
- Guy Carvalho: Vocês estão satisfeito com a qualidade do café que
saiu ?
- Guto: Estamos satisfeito com o tempo de secagem, com a
qualidade. O café saiu da lavoura e secou em torno de 140 hora. O café cereja.
O café de meia seca secou em torno de 80 horas. Então funcionou muito bem.
- Guy Carvalho: Léo, conta um pouquinho de como funciona a sua
colheita. Você colhe o café e traz tudo para cá?
- Léo: Sim, como são várias propriedades de vários pontos de
munícipios, nós procuramos centralizar todo processo aqui. Esse local é
praticamente do lado da cidade. Há asfalto e fácil acesso e tudo vem para cá. A
vantagem interessante é que sai da máquina é já vem para cá.
- Guy Carvalho: Você não lava o café? Ele vem direto?
- Léo: Até agora sem lavagem nenhuma porque o café está cereja.
Foi muito bem com o café cereja e algumas lavouras adiantadas. Ele está normal.
A bebida passa muito bem dentro do nosso padrão da região que é de 700 metros.
Temos um pouco de dificuldade, mas esse ano estamos indo muito bem e dentro da
expectativa.
- Guy Carvalho: Quer dizer, você acha que esse sistema é
interessante para a condições de vocês aqui no Carmo?
- Guto: Sim.
Quem falou sobre esse sistema de secagem estático foi o meu amigo
Ivan Caixeta que é Engenheiro Agrônomo, Professor do Instituto Federal do Sul
de Minas, Campos de Machado. Há 5 anos ele vem estudando e avaliando essa
tecnologia.
- Ivan: Foi a única instituição que deu a cara a bater para testar
a eficiência desse tipo de secagem. Hoje, nesse evento nós concretizamos uma
alegria enorme de ver, apesar da gente apanhar muito de diversas frentes de
pesquisa, um sonho concretizado que eu tinha de ver um trabalho como esse.
Colocaram em prática uma quebra de paradigma tão grande.
- Guy Carvalho: Sem dúvida, a gente pode ver que essa tecnologia
bastante estudada hoje está sendo utilizada entre os cafeicultores.
- Ivan: Exatamente e veio para solucionar. As nossas pesquisas não
são teóricas, elas são práticas para mostrar a eficiência do sistema em
economia de energia, de mão de obra e a qualidade do produto final que está
entregue. Uma região como essa em que você está na beira de represa e os
produtores tinham extrema dificuldade em processar esse café. Hoje, eu tenho
certeza que se o produtor no que ele vai ganhar em qualidade e na redução de
custo, ele consegue pagar o alto investimento em pouco tempo.
- Guy Carvalho: Com certeza. O professor, eu lembro que o senhor
mostrava cada detalhe. Como acontecia essa secagem. Explique rapidamente. No
começo é um pouco mais lento, mas é melhor? Fale um pouquinho sobre o processo
de secagem no estático?
- Ivan: No estático o trabalho é muito interessante. É uma
desidratação, nem falo que é uma secagem de café. Semelhante ao que você faz
com uva desidratado ou abacaxi desidratado, aqui nós estamos desidratando, ou
seja, tirando o excesso de água no café. Tem uma caixa, de boca larga, onde se
perde a umidade, com rapidez, para o ambiente, ainda mais em ambiente seco como
está aqui. Então você tem uma alta eficiência de secagem mantendo a qualidade.
Os grãos ficam secos, quem faz o serviço de desidratação deles é o ar que
atravessa a camada. Então ele não sofre estresse, não recebe pancadas de
elevadores, de secadores que rodam esse café e, por consequência, acabam
danificando fisicamente o grão.
- Guy Carvalho: E não tem perigo de fermentar.
- Ivan: A fermentação que ocorre, onde estamos observando os
trabalhos, é uma fermentação benéfica.
- Guy Carvalho: Entendi. Não perde a qualidade.
- Ivan: Não perde a qualidade.
O senhor Wilson Roberto, cafeicultor de Alfenas, também já aderiu
a novidade. Utiliza o secador estático e confirma a validade da tecnologia.
- Wilson: É um funcionamento muito bom. Eu comprei 4 caixas. 2
ficou em São Paulo e 2 veio para Minas.
- Guy Carvalho: Está funcionando?
- Wilson: Está funcionando muito bom aqui em Alfenas.
- Guy Carvalho: Ajudou no seu processo de qualidade?
- Wilson: Ajudou na qualidade, na economia e em tudo.
- Guy Carvalho: Como que funciona isso na prática em sua fazenda?
O senhor colhe o café e joga na caixa?
- Wilson: Ele vem direto da carreta para a caixa.
- Guy Carvalho: Normalmente fica em quantos dias?
- Wilson: Ficou em 4 dias o último que tirei ontem a tarde.
- Guy Carvalho: Aí segue para a tulha e benefício?
- Wilson: Ele vai para a tulha para acabar de chegar na
temperatura.
- Guy Carvalho: No final ele chega tudo ao ponto?
- Wilson: No final ele chega a 11ºC na umidade.
- Guy Carvalho: O senhor achou que isso colaborou com a qualidade
de seu produto?
- Wilson: De mais. É o futuro de secador para o agricultor.
O cafeicultor que é meu assistido Venerando Carvalho de Conceição
Aparecida também marcou presença no evento e definiu muito bem o que viu.
- Venerando: Estou vendo um show nessa secagem, porque a minha
maior preocupação era o tombo do café, já que ele ficava muito parado. Aqui,
eles dão um tombo no café e isso acaba homogeneizando muito. Estou achando um
show e acho que isso vai pegar.
A estudante de agronomia, do Instituto Federal do Campos de
Muzambinho, Ana Paula comenta que devido as vantagens oferecias é que a
tendência com o uso dessa secagem seja mais comum.
- Ana Paula: Com certeza eu acredito, principalmente porque irá
diminuir mão de obra, questão climática - não fica preocupado se vai chover
para colocar o café no terreiro. Aqui ele está totalmente protegido. Acho que
isso será tendência e cada vez mais será instalado nas propriedades.
Agradeço todos vocês que acompanham o nosso trabalho. Também
agradeço a Palini & Alves pela parceria. O episódio de hoje fica por aqui e
em breve estarei de volta com mais inovações e dicas sobre cafeicultura.